Construção mole com feijão cozido: Pressentimento da Guerra Civil
Salvador Dalí

Este
quadro, cujos estudos foram iniciados em 1935, foi acabado seis meses antes do
golpe de Estado de Franco, num clima da tensão política e social. Esta
composição prevê os horrores da Guerra Civil Espanhola e a violência e a
ansiedade características do domínio franquista, através da representação de uma
figura grotesca que parece autodestruir-se, enquanto a sua cara apresenta uma
expressão de triunfo e tortura e os seus membros se assemelham ao mapa de
Espanha.
"Eu mostro um corpo humano monstruoso, que rebenta em protuberâncias monstruosas dos braços e das pernas, que se arrancam uns aos outros num delírio de auto-estrangulamento. Como cenário desta arquitetura louca, de uma catástrofe narcisista e biológica de uma carne consumida, pintei uma paisagem geológica, que há milhares de anos revoluciona inutilmente e a qual se encontrava congelada na sua "ordem normal". A estrutura mole da enorme massa de carne, durante a Guerra Civil, enfeitei-a com alguns feijões cozidos, pois, não é possível imaginar que se possa engolir tanta carne inconsciente, sem a presença (nem por isso menos inspiradora) de alguns legumes farinhentos e melancólicos." (Salvador Dalí)