Fações republicanas

A sociedade encontrava-se numa fase de transição crítica para o avanço do socialismo ou, pelo contrário, para a reversão para uma república capitalista vulgar. 

Após a eclosão da guerra, a dezoito de julho de 1936, deu-se um levantamento das classes trabalhadoras, em sinal de resistência. Os camponeses e sindicatos apoderaram-se de terras e de grande parte dos transportes, igrejas foram destruídas, padres foram mortos ou expulsos, a posse de armas generalizou-se e as Forças Armadas prestaram apoio a esta fação.

Iniciou-se, na zona republicana, um processo de coletivização da indústria e dos transportes, de organização do almejado governo do proletariado por meio de comités locais, de substituição das antigas forças policiais pró-capitalistas por patrulhas de trabalhadores e de criação de milícias de trabalhadores com base nos sindicatos. Este processo não se realizou de forma uniforme no território espanhol, tendo atingido maiores proporções em regiões como a Catalunha.

Apesar de ocuparem a mesma fação no contexto da guerra civil, os republicanos  dividiam-  -se no seu seio em grupos de ideologias e objetivos que colidiam entre si: anarquistas, comunistas dissidentes, comunistas, liberais, socialistas e socialistas com tendência direitista. A hostilidade interpartidária passava despercebida na frente de combate, mas estava patente nos jornais e panfletos que circulavam em território republicano. 

Comunistas

Os comunistas opunham-se terminantemente à revolução proletária, o que lhes granjeava o apoio da URSS. Segundo a ideologia soviética, uma revolução seria fatal para o sucesso do projeto comunista, pelo que o objetivo dos partidários espanhóis devia ser o estabelecimento de uma democracia burguesa e não de um governo do proletariado. Assim, pode dizer-se que os comunistas tendiam para uma ideologia de direita, em vez de para uma de esquerda. Esta posição era justificada pela política do Comintern, empenhada na defesa da URSS e assente num sistema de alianças militares dependente de países capitalistas, pela oposição da França ao surgimento de um vizinho revolucionário e pelo peso do investimento estrangeiro na economia espanhola.

Concentrados em vencer a guerra primeiro, para depois poderem focar-se na revolução, os comunistas eram o grupo mais organizado das fações republicanas e enfatizavam a centralização e a eficiência do poder.

A repressão da revolução era garantida pela URSS, que era responsável pelo fornecimento de armas. Deste modo, podia evitar que as armas chegassem aos adversários da sua ideologia, o que justifica a falta crónica de armas em algumas frentes republicanas. Qualquer movimento no sentido de encetar a revolução era considerado traição, uma vez que a promoção de desordens internas favorecia Franco.

O controlo que os comunistas acabaram por exercer no grupo dos anarquistas manifestou-se em algumas cedências pela parte destes, tais como o fim dos comités locais, a interrupção do processo de coletivização, a abolição das patrulhas de trabalhadores, a restauração das forças policiais anteriores à guerra, a restituição ao Governo das indústrias-chave da economia e a dissolução das milícias de trabalhadores, que convergiram no Exército Popular.

Comunistas dissidentes

Seguindo a convicção de que o estabelecimento de uma democracia burguesa seria equivalente à adoção de um regime capitalista, próximo do fascismo, esta porção dos comunistas afirmava que a alternativa ao fascismo era o governo de trabalhadores. Neste sentido, reclamavam o controlo das Forças Armadas e consideravam a guerra e a revolução inseparáveis, pelo que esta última devia ser imediata.

Os comunistas dissidentes, constituintes do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista), eram o principal rival interno da fação comunista, que os acusava de trotstkismo e de atividade contrarrevolucionária.

"Hay que luchar para acabar con la tolerancia y la falta de vigilancia de ciertas organizaciones proletarias que establecen Iazos de convivencia con el trotskismo contrarrevolucionario, con la banda del "Poum", considerándola como una fracción del movimiento obrero. El trotskismo, nacional e internacional, cúbrase con el disfraz con que se cubra, se ha revelado como una organización contrarrevolucionaria terrorista, al servicio del fascismo internacional. (...) El trotskismo es, con su verborrea altisonante y seudorrevolucionaria, el inspirador de los "incontrolables", el que alienta la acción de los que quieren salirse de la ley democrática establecida por el Gobierno del Frente Popular, el que con sus intrigas venenosas crea dificultades en el frente y en la retaguardia, poniendo en peligro los resultados de nuestra lucha." 

(Lo que el Partido Comunista considera indispensable hacer para ganar la guerra, 1937)

Anarquistas

Os adeptos do anarquismo adotaram a direção do socialismo comum e assumiram como meta o estabelecimento de um governo de trabalhadores. Apesar de também considerarem a guerra e a revolução inseparáveis, eram menos dogmáticos do que os comunistas dissidentes. Os principais traços deste grupo eram a hostilidade à burguesia e à Igreja, a ênfase especial da liberdade, a resistência ao autoritarismo centralizado, substituído pelo governo por comités, e a defesa do controlo da indústria por parte dos trabalhadores.

Helena Rodrigues, 12ºB, nº 7
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