José Millán-Astray y Terreros
1879-1954
O militar fundador da Legião Espanhola e da Rádio Nacional de Espanha nasceu na Corunha a cinco de julho de 1879.
Em 1894, ingressou na Academia da Infantaria de Toledo, de onde se graduou antes de completar dezassete anos, tornando-se segundo tenente num regimento de infantaria de Madrid. Em 1896 ingressou na Escola Superior de Guerra, mas interrompeu os seus estudos para seguir como voluntário num batalhão expedicionário para Filipinas, durante a Revolução Filipina - conflito entre o povo filipino e as autoridades coloniais espanholas, que resultaria na secessão das Filipinas da Espanha. Nessa expedição, Millán-Astray distinguiu-se como militar, especialmente na defesa da povoação de San Rafael, onde, com apenas 17 anos, comandou 30 homens contra dois mil rebeldes. Em 1912, foi enviado para Marrocos como oficial dos recentemente criados Regulares Indígenas.
A Legião Espanhola foi criada através de um decreto publicado a vinte e oito de janeiro de 1920, com o nome de Tercio de Extranjeros. José Astray assumiu o posto de Primeiro Comandante, adjunto de Franco. Foi José o responsável pela celebrização das divisas "Viva la muerte!" e "A mí la Legión!".
O facto de ter perdido o braço esquerdo e o olho direito na Guerra de Marrocos valeu-lhe a alcunha de "Glorioso Mutilado". Nas suas aparições públicas, apresentava-se sempre com um tapa-olho preto e uma luva branca na mão direita. A sua personalidade intolerante e a sua propensão para brincadeiras grosseiras ou chauvinistas convergiam em atitudes impulsivas e cruéis.
Em 1930, foi colocado no Ministério da Guerra e, a partir do levantamento militar de 1936, assumiu-se como militante da extrema-direita, desempenhando um papel secundário na frente fascista, mais relacionado com a propaganda e as missões de representação do Governo.
Para além de ocupar o cargo de diretor-geral do Corpo de Mutilados de Guerra, tornou-se diretor do Departamento do Estado da Imprensa e da Propaganda em Salamanca, assim como de conferencista e comentarista radiofónico durante a Guerra Civil.
O seu legado é profundamente controverso, oscilando entre a apologia escancarada e o repúdio pelo modelo grotesco dos horrores da Guerra Civil e do governo franquista que personifica.