O Sonho e a Mentira de Franco

Pablo Picasso

O Sonho e a Mentira de Franco foi a primeira obra em que Picasso se pronunciou sobre a Guerra Civil Espanhola. Embora o propósito inicial desta obra fosse que os quadrados, imagens independentes, fossem recortados e distribuídos como postais, estes dois fólios, com nove pinturas cada um, tornaram-se um ícone da propaganda antifascista. Pintados em aguatinta, à exceção dos últimos quatro quadrados posteriores, estes fólios constituíam uma crítica à guerra e a Franco, assim como uma caricatura fálica da masculinidade degenerada, criadora do sofrimento, da desolação e da destruição de Espanha e da cultura. O primeiro foi publicado a oito de janeiro de 1937, e o segundo a sete de junho do mesmo ano.

As imagens do primeiro fólio representam, por esta ordem:

  • Franco, montando um cavalo, com uma espada e uma bandeira; 
  • Franco, com um enorme pénis, segurando uma espada e uma bandeira; 
  • Franco atacando uma escultura clássica com uma picareta;
  • Franco com um leque e uma flor, vestido de prostituta;
  • Franco a ser atacado por um touro; 
  • Franco a rezar a um relicário com um duro, rodeado por arame farpado; 
  • Franco em cima de uma criatura morta; 
  • Franco em perseguição de um pégaso;
  • Franco montado num porco, com uma lança. 

Já as do segundo fólio ilustram, ordenadamente: 

  • Franco a devorar, sorridente, as entranhas do seu próprio cavalo, que acabou de matar; 
  • O resultado de uma batalha, visualizando-se um cadáver feminino; 
  • Os cadáveres de um cavalo e de um homem, no mesmo contexto; 
  • Franco e um touro, representação de Espanha; 
  • A luta de Franco com o touro; 
  • Uma mulher que chora;
  • Uma mulher que foge de uma casa em chamas, levando o filho;
  • Uma mulher embalando uma criança, ou uma mãe e um filho mortos; 
  • Uma mulher atingida por uma seta a gritar, no meio da devastação, com os seus dois filhos. 

Os últimos quatro quadrados foram acrescentados a sete de junho, e constituem composições preparatórias para o posterior "Guernica".


As imagens eram precedidas de um poema em prosa, empregando-se assim a linguagem poética para a propaganda política. 

"(...) a boca cheia com percevejos das suas palavras (...) pequenos dedos em ereção, nem uva nem glande (...) Gritos infantis gritos de mulheres gritos de aves gritos de flores gritos das traves e das pedras gritos das telhas gritos dos móveis das camas das cadeiras das cortinas das frigideiras de gatos e de papéis gritos de cheiros que se arranham mutuamente gritos de fumo dos gritos que cozem na panela que arde na garganta e gritos de chuva de pássaros que inundam o mar que corrói o osso que quebra os dentes (...)"

Fiel ao que diziam em relação a ele ("a sua generosidade não tinha limites"), Picasso reverteu o lucro destas tiragens para o fundo de assistência para a Espanha republicana, para além de ter doado mais de trezentos mil francos à causa republicana.

Helena Rodrigues, 12ºB, nº 7
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